Quando falamos de livro infantil, pensamos logo em livro ilustrado, mas é bastante fácil entender que nem todo livro ilustrado é destinado ao público infantil. Na verdade esses livros podem ser classificados a partir do modo com que a ilustração é utilizada como recurso — principalmente a relação desenvolvida entre ilustração e texto. Entender essa classificação pode nos ajudar a ver livros ilustrados sob nova luz.

O livro com ilustração

São livros cujos textos são acompanhados de ilustração. A narrativa é sustentada pelo texto e não depende da ilustração para ser entendido.

O livro Bad girls throughout history (Meninas más ao longo dos tempos) representa cada mulher com uma ilustração.

O livro ilustrado

Nesse tipo de livro, os textos são mais curtos e a imagem é preponderante. Muitas vezes, imagem e textos tornam-se indissociáveis, rompendo o limite entre as duas, como no trabalho de Paul e Ann Rand em Sparkle and spin.

Talvez o mais difundido livro ilustrado seja O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, que produziu tanto os textos quanto as ilustrações originais. O texto chega a apresentar o desenho, tornando-o, assim, parte indissociável do livro.

 

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Livros para primeiras leituras

Situa-se entre o livro com ilustração e o livro ilustrado. Com capítulos curtos, a estrutura textual já é bastante semelhante à ficção tradicional, mas acrescida de mais imagens e vinhetas. Pode ser difícil identificar o limite entre um livro para primeiras leituras e um livro com ilustrações — há quem acredite que esta definição é uma nomenclatura puramente editorial, e que não deveria constar quando analisamos a relação entre texto e imagens.

Livro-imagem

Quando imaginamos um livro-imagem, muitas vezes o associamos a livros para bebês e esquecemos que muitos livros de fotografia são essencialmente livros-imagem: desprovidos de texto, com exceção de títulos e outros paratextos. Dependem da capacidade interpretativa de quem o lê para articular as imagens de forma narrativa — há também aqueles que não tenham narrativa clara. De qualquer forma, é um engano pensar que, por não ter texto, esse tipo de livro seja obrigatoriamente pobre de conteúdo.

Livro Êxodos, de Sebastião Salgado.

Exemplo de livro-imagem infantil em tecido.

História em quadrinhos (HQ)

É, como diria Will Eisner, uma arte sequencial. Não é obrigatório que haja quadrinhos ou balões. A organização das páginas (ou ao menos a maioria delas) apresenta duas características:

  • compartimentalização: a página ou pedaço dela é inteligível por si mesmo.
  • sequencialidade: a narrativa é construída a partir da justaposição de cada página ou parte dela.

Nesta página dupla de Azul é a cor mais quente, Julie Maroh utiliza a sequencialidade sem compartimentalizá-la em quadros:

Livros interativos

São livros que incitam à interação e servem como suporte a atividades como pintura, desenho, colagens.

O livros de colorir e livros como Destrua esse diário são exemplos de livros interativos não destinados ao público infantil.

Livros pop-up

São feitos por meio de dobras utilizando uma técnica chamada engenharia ou arquitetura de papel. Ao virarmos as páginas, as imagens parecem saltar das páginas.

Alguns os consideram um tipo de livro-brinquedo. Também podem apresentar certo nível de interatividade, com abas e encaixes manipuláveis.

No exemplo abaixo, a versão pop-up de O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry.

Livros-brinquedo

São livros que apresentam elementos associáveis ao brinquedo, ou brinquedos que remetem ao objeto livro. Encontram-se aqui toda a sorte de livros-tabuleiro, livros de quebra-cabeça, livros sonoros, livros de construir e livros para banho. São muitas vezes feitas de outros materiais, como tecido e plástico.

Normalmente vê-se no livro-brinquedo uma oportunidade de incitar nas crianças a vontade de ler. Para isso, deve colocar a linguagem em primeiro plano, provocando o interesse pelo ler literário, com ou sem mediação. De qualquer forma, mesmo quando não alcançam esse objetivo, o livro-brinquedo ajuda as crianças a verem no livro um objeto que proporciona prazer e companhia.

Tudo junto e misturado

Essas classificações, como mostramos acima, podem se misturar. Um livro pop-up pode conter somente imagens, tornando-se também um livro-imagem. Da mesma forma, todo livro-brinquedo é intrinsecamente um livro interativo.

Nos despedimos com o belíssimo livro Little tree, do designer gráfico Katsumi Komagata, que ilustra de forma poética a história de uma árvore. Com delicadeza, este livro pop-up inspira e emociona adultos e crianças.

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