Neste ano, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo (06 a 15/09) homenageia a Colômbia, trazendo à tona a importância do mercado editorial do país vizinho e suas contribuições para a literatura global. Mas como é o mercado colombiano de livros?

A seguir, vamos ver que o conjunto das editoras do país registrou crescimento significativo, refletindo a vitalidade e a diversidade de suas produções, oferecendo um panorama interessante para editores, escritores e leitores em todo o mundo.

Crescimento e desafios do mercado editorial colombiano

De acordo com o relatório anual da Câmara Colombiana do Livro, as vendas líquidas do setor editorial no país atingiram 959.440 milhões de pesos colombianos em 2023, aproximadamente R$ 1,30 bilhão, representando um crescimento nominal (sem considerar a inflação) de 7,7% em relação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelos livros didáticos, que tiveram um aumento de 15% nas vendas, e pelos livros de interesse geral, com um crescimento de 7,3%. Por outro lado, os livros religiosos enfrentaram uma queda de 2,7% nas vendas.

Apesar do crescimento em valor, o número total de exemplares vendidos apresentou uma redução de 15,1%, totalizando 35,9 milhões de unidades. Esse declínio nas vendas foi observado em quase todos os subsetores, com exceção dos livros técnicos e científicos (CTP), que conseguiram manter uma leve alta. A produção de títulos também teve um desempenho positivo, com 20.062 novos títulos lançados, representando um crescimento de 9,3% em comparação com 2022.

O mercado de livros impressos continua a dominar, respondendo por 63,5% das publicações, enquanto os formatos digitais e audiolivros tiveram participações menores, com 35,5% e 1%, respectivamente.

Os mais vendidos na Colômbia em 2024

Complementando esse cenário de crescimento e desafios, os dados de vendas do primeiro semestre de 2024, coletados pela Nielsen BookScan, revelam as preferências literárias do público colombiano. Gabriel García Márquez, um ícone da literatura colombiana, lidera a lista de ficção adulta com Em agosto nos vemos, lançado postumamente. Na sequência, aparecem Los vagabundos de Dios, de Mario Mendoza, e Cem anos de solidão, outra obra-prima de Márquez. O top 10 tem livros ainda de Isabel Allende, Alex Michaelides, Hanya Yanagihara, Collen Hoover, Joel Dicker, Santiago Posteguillo Gómez e José Eustaquio Rivera.

Na categoria de não ficção para adultos, Hábitos atômicos, de James Clear, ocupa a primeira posição, refletindo o interesse crescente por obras de autoajuda e desenvolvimento pessoal. No pódio de não ficção para adultos, dois livros de Marian Rojas Estapé: Como hacer que te pasen cosas buenas e Recupera tu mente, reconquista tu vida.

Já na categoria infantil e juvenil, Alas de sangre, de Rebecca Yarros, e Harry Potter e a pedra filosofal, de J.K. Rowling, dominam as preferências dos jovens leitores.

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Colômbia na Bienal

Na Bienal, a Colômbia estará presente com uma área de 300m², com a participação de mais de 17 autores, incluindo Andrea Cote, Margarita García Robayo, Erna von der Walde, Gilmer Mesa e Dipacho; além de acadêmicos como Maritza Naforo, e grupos musicais como o grupo Cimarrón, oriundo das planícies orientais, e o grupo Gheto Kumbé, do Caribe colombiano.

O Embaixador da República da Colômbia no Brasil, Guillermo Rivera, destaca que a participação da Colômbia no evento coincide com a celebração do 100º aniversário da La vorágine, obra do escritor colombiano José Eustasio Rivera, publicada em 1924 e considerada um clássico da literatura colombiana e latino-americana. “Parte da programação acadêmica e cultural se concentrará em explorar a estética e os temas deste romance que, há um século, denunciou as atrocidades do genocídio da borracha na Amazônia. Essa análise ainda é relevante hoje, pois nos permite abordar questões ambientais atuais, questões de justiça racial e preservação do conhecimento indígena ancestral”, diz o embaixador.

A estratégia de internacionalização da literatura colombiana liderada pelo Governo da Colômbia e a participação na Bienal Internacional do Livro de São Paulo permitirá abordar a agenda temática diversificada compartilhada por Colômbia e Brasil para enfrentar a mudança climática, a restauração da floresta amazônica, a construção da paz sustentável e a reivindicação dos povos indígenas do território amazônico.

“Para nós é uma honra receber a Colômbia como país convidado. Acreditamos que esta parceria ira fortalecer as relações bilaterais e incentivar o diálogo cultural entre os dois países, destacando o papel fundamental da literatura e da cultura no desenvolvimento de sociedades mais conectadas e compreensivas. Será uma oportunidade única para estreitar laços e promover um intercâmbio cultural enriquecedor entre o Brasil e a Colômbia, oferecendo aos visitantes uma imersão na vasta literatura e cultura colombiana”, afirma a presidente da CBL, Sevani Matos.

Negócios na Bienal

A Colômbia também já confirmou presença na 5° Jornada Profissional, que acontece entre os dias 4 e 5 de setembro, no Distrito Anhembi, e que consiste em rodadas de negócios com editores internacionais convidados e uma programação de palestras exclusivas. Trata-se de uma realização da CBL, através do Brazilian Publishers, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com o intuito de promover o setor editorial brasileiro no mercado global.

Na última edição foram realizadas mais de 320 reuniões entre as 45 empresas participantes, que resultaram em mais de US$ 700 mil em novos negócios para as editoras participantes. Este ano a Jornada contará com a participação de 62 empresas, entre brasileiros e estrangeiros. Além da Colômbia, estão confirmados editores da Argentina, Itália, Turquia, Peru, Espanha e Chile, totalizando 11 empresas; além de uma comitiva do Canadá com 10 editores.