A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) aproveitou a Feira do Livro de Frankfurt para lançar a versão preliminar do Relatório Global da Industria Editorial. Nele, a OMPI compartilha descobertas e faz comparações entre 27 países, incluindo Brasil, Canadá, Colômbia, França, Alemanha, Itália, Japão, México, Portugal, Espanha, Reino Unido e EUA.
Para o relatório, a OMPI leva em consideração as vendas e também o licenciamento de conteúdos editoriais.
A principal conclusão do estudo é que a maioria dos países pesquisados apresenta melhora nos seus índices econômicos entre 2020 e 2021.
Entre os mercados editoriais, os EUA (+13,6%), Itália (+12,2%), Japão (+7,5%), Reino Unido (+5,1%) e Alemanha (+3,5%) foram os que registraram maiores crescimentos de receita.
Dos 27 países, 22 têm dados de vendas e de licenciamento tanto no trade quanto no educacional. Um deles tem dados apenas de trade. A receita combinada destes 23 países é de US$ 71,6 bilhões.
Os EUA lideram o ranking, com faturamento de US$ 26,8 bilhões. Na sequência, aparecem Alemanha (US$ 11,4 bilhões), Japão (US$ 11,3 bilhões), Reino Unido (US$ 5,4 bilhões) e Itália (US$ 4,1 bilhões).
O Brasil no Relatório da OMPI
O Brasil aparece em diversos trechos do relatório. No entanto, os dados – segundo o próprio relatório, oferecidos pelo Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e Caribe (Cerlalc) – não batem com os disponíveis no mercado brasileiro.
Mas vamos a eles. A OMPI observa que, por aqui (e também na Holanda e no México), o setor educacional tem um papel “descomunal”. No Brasil, os didáticos são responsáveis por 61,4% do faturamento, segundo apuração da organização.
A pesquisa Produção e Vendas, principal referência do setor editorial brasileiro, aponta que o subsetor de didáticos responde por 49,34% do faturamento total da indústria editorial brasileira. Se excluir da conta as compras governamentais, esse índice passa a ser de 30%. Tanto um resultado quanto o outro são diferentes dos apontados pelo relatório da OMPI.
Outro destaque que o Brasil recebe no relatório é em relação ao crescimento dos formatos digitais. “No total, 18 países divulgaram dados sobre o número de títulos publicados classificados por formatos (impresso, e-book e audiolivros) em 2021. A participação de títulos nos formatos digitais (e-book e áudio) variou de 2.1% na Croácia a 65,9% no Brasil”, diz o relatório.
Novamente, esse índice não corresponde aos disponíveis no mercado brasileiro. De acordo com a pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, o Brasil tem um acervo de 92 mil títulos (crescimento de 14% em relação a 2020) e, no ano passado, foram lançados 11 mil títulos (93% em formato e-book e 7% no formato áudio).
Se comparar esses dados com a Produção e Vendas, que registrou a edição de 48 mil títulos, sendo 12 mil novos ISBNs, é difícil chegar a 65,9%.
Para ler os relatórios
É importante ressaltar aqui que o relatório da OMPI é preliminar e poderá sofrer alterações ou mesmo ter a sua metodologia e base de dados mais bem explicadas. Feitas essas ressalvas, se você quiser ler o relatório, ele está disponível aqui.
E nunca é demais compartilhar as pesquisas Produção e Vendas e Conteúdo Digital. Os dois estudos são desenvolvidos pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Nielsen BookData. Para acessá-los, clique aqui.
[…] indústria editorial, o que significa que os leitores já estão habituados ao formato e que sua qualidade já vem sendo comprovada há muito tempo. […]