Quem acompanha o mercado editorial no Brasil tem um compromisso anual: participar e analisar a Pesquisa Produção e Vendas. As editoras participantes têm até o próximo dia 25 para preencher os questionários. Depois, eles serão compilados e analisados pela Nielsen, a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O resultado só sai entre abril e maio, mas o que se pode esperar deles? É isso o que vamos analisar aqui.

O que é a pesquisa?

A Produção e Vendas olha para a indústria do livro no Brasil e busca responder perguntas como: quantos livros as editoras brasileiras produziram no ano anterior? Destes livros produzidos, quantos foram lançamentos e quantos foram reimpressos? Quanto destes livros foram vendidos? Por quais canais as editoras venderam seus exemplares? E ainda esmiúça tudo isso em quatro subsetores: Obras Gerais; Didáticos; Científicos, Técnicos e Profissionais e Religiosos.
A pesquisa mostra ainda quantos livros foram vendidos a programas governamentais.
A partir disso, ela dá uma dimensão econômica da indústria editorial. É a PeV que nos dá o “PIB da Indústria editorial”. Inclusive, ela compara os seus próprios resultados com o conjunto da economia brasileira, mostrando como a indústria editorial se comportou em relação à economia do país.

Pra que serve a pesquisa?

A pesquisa é uma ferramenta fundamental pra quem quer entender tanto a foto, quanto o filme. Ou seja, avaliar o desempenho da indústria no ano passado, mas também olhar para o que aconteceu nos últimos anos. Isso porque ela é realizada com a mesma metodologia desde 2006, o que permite fazer comparações entre anos e ainda construir uma série história importante para entender como a indústria editorial se comportou ao longo dos anos.
Ela pode ser usada ainda por aqueles que estão pensando em abrir uma editora ou um novo selo, por exemplo. A PeV dá subsídios para entender os rumos que a indústria está tomando e serve para acompanhar tendências.

Como ela é feita?

As editoras participantes preenchem um extenso questionário, dando informações detalhadas da sua produção e vendas ocorridas no ano anterior. Ali, os pesquisadores querem saber quantos exemplares foram impressos; quantos foram vendidos e por quais canais isso aconteceu. Além disso, eles informam o seu faturamento anual, apontando quanto faturou por cada canal também.
Todos esses dados são reunidos e analisados criteriosamente pelo instituto de pesquisas. A partir disso, a Nielsen realiza um relatório detalhado, com tabelas e gráficos.

Os principais resultados de 2020

Como se trata de uma pesquisa anual, ela olha sempre para o ano anterior. Os últimos resultados, então, são relativos a 2020. Naquele ano, as editoras pesquisadas apontaram a produção de 314 milhões de exemplares, sendo que 82% disso foram reimpressões. Juntas, elas publicaram 11.295 novos ISBNs. Esse número é 17,4% menor do que 2019. A pesquisa apontou ainda uma redução de 25,5% na tiragem. Tudo isso foi uma resposta da indústria à pandemia. Você deve se lembrar: nos meses iniciais, as editoras pisaram no freio, anunciaram suspensão de lançamentos e que readequariam suas tiragens. Isso ficou retratado pela PeV.
Em 2020, as editoras declararam a venda de 354 milhões de exemplares e faturaram com isso R$ 5,2 bilhões. Pouco mais de um terço do que foi produzido foi vendido em programas governamentais: 161 milhões de cópias. Isso redundou num faturamento de R$ 1,4 bilhão.

O que esperar do próximo resultado?

Mas o que a gente pode esperar dos resultados da pesquisa que tem 2021 como ano-base? Os resultados costumam sair entre abril e maio, mas aqui nós abrimos nossa bola de cristal e vamos dar nossos pitacos exclusivamente pra você.

  1. De acordo com a própria Nielsen, que também realiza outra pesquisa – o Painel do Varejo de Livros no Brasil -, os resultados das vendas do varejo apontaram crescimento importante na ordem dos 30% sobre 2020. Isso, claramente, vai impactar os resultados da PeV. Então, é possível que haverá um crescimento importante nos canais livrarias, mas sobretudo, nas “livrarias exclusivamente virtuais”, como a Nielsen chama varejistas como Amazon e Submarino. Entre 2019 e 2020, esse canal praticamente dobrou de tamanho saltando de R$ 502,5 milhões para R$ 923,3 milhões. Isso deverá se repetir em 2021.
  2. Este crescimento deverá ser sentido especialmente no subsetor de obras gerais. Os de CTP e Didáticos poderão ficar em baixa mais uma vez. O de Religiosos é o que menos sofre variações e deve ter se mantido estável em 2021.
    3- A PeV deve registrar um aumento nominal no preço médio do livro, mas pouco provável que ele cubra a inflação no período, que foi bem alta, de 10,06%, segundo o IPCA.
  3. Ao contrário do que aconteceu em 2020, quando as editoras pisaram fundo no freio, a produção deve ter crescido em 2021. O que é uma resposta natural à recuperação que acompanhou a reabertura do comércio, o início da vacinação e também a suspensão de medidas de restrições por conta da covid-19.
  4. Por uma questão de sazonalidade, é esperada uma diminuição das vendas governamentais. Isso porque, o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), um dos maiores do gênero no mundo, comprou livros para alunos e professores dos anos iniciais do ensino fundamental, um contingente menor do que o da compra de 2020. De acordo com dados do próprio Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão responsável pelas compras, em 2021, foram investidos R$ 1,2 bilhão na compra de 137 milhões de exemplares. Em 2020, foram 172,5 milhões de exemplares e investimento de R$ 1,4 bilhão. Observando apenas que, embora o PNLD seja o maior programa governamental de compra de livros no país, ele não é o único e a PeV é sensível aos demais programas.

Quero participar da pesquisa

Interessados em participar da pesquisa têm até o próximo dia 25 para preencher os questionários. Para mais informações, escreva para o e-mail producao.vendas@nielseniq.com.