Em maio, Fabiana Ballete de Cara Araújo, aluna do Nespe, foi eleita para a Academia de Letras de Trás-os-Montes, em Portugal.

Ela é autora do romance O silêncio guardado nas horas, que ganhou, no ano passado, o Prêmio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira, realizado pela própria Academia.

O laurel é uma referência a um ilustre intelectual trasmontano e busca promover a produção e a criatividade literárias entre instituições culturais de países de língua portuguesa.

O livro, inédito até agora, será lançado pela Âncora Editora, no dia 5 de julho, em Bragança, e no dia 14 do mesmo mês, em Lisboa.

A posse de Fabiana na Academia de Letras de Trás-os-Montes não foi marcada ainda.

Sobre o livro

A alma do Engenho Macaúbas reside no corpo de seu dono, um coronel nonagenário e irremediavelmente preso às convenções da consanguinidade.

Em suas terras, vive Aurélia, uma professora que sonha encontrar um amor feito o dos livros que tanto gosta de ler. No entanto, a chegada dos primeiros trabalhadores da estrada de ferro ao vilarejo de Alteiros de Santana traz uma revelação capaz de virar a vida de Aurélia e as terras do coronel de pernas para o ar.

Ameaçada pelo chefe de obras da Gretoeste, Aurélia decide aceitar o pedido de casamento do bisneto do coronel e aliar-se à desafeta mãe do rapaz, como forma de evitar a ruína do engenho e de todos aqueles que nele vivem.

Determinada a calar um nefasto segredo, Aurélia depara-se com as memórias de Angélica: relatos trancafiados há mais de 50 anos que a conduzem pela história do engenho e de seus moradores, ao mesmo passo que a tornam guardiã de silêncios suscitadores de muitos destinos, inclusive o seu.

A narrativa mescla figuras reais e fictícias para contar a saga de três gerações de uma mesma família, marcada por segredos e mazelas determinantes da trama. A prosa, estendida ao longo de 50 anos de história, acompanha o trajeto de seus personagens por diferentes paisagens e acontecimentos. Estão lá a aridez do sertão cearense, a fertilidade do engenho de açúcar, a instalação da estrada de ferro no agreste, o burburinho da sociedade efervescente de Fortaleza, a precariedade de suas periferias, a travessia do Atlântico e uma pitada de ares europeus.