Por algum tempo, a poeta polonesa Wisława Szymborska manteve uma coluna no semanário Życie Literackie [Vida Literária]. Nesta seção, a Prêmio Nobel respondia às cartas dos leitores que enviavam seus primeiros escritos com a esperança de serem publicados e entrarem para o panteão literário polonês.

As respostas tinham por objetivo orientar e comentar os textos para além do “não publicaremos” protocolar. Para atenuar a negativa, a poeta se vale de uma peculiar ironia, como se tentasse, de um só golpe, fincar novamente ao chão os pés dos sonhadores diletantes.

Mas esse tom nunca impede reflexões profundas sobre arte, escrita e o comportamento daqueles que vivem escravos das palavras: “a poesia não é (…) uma recreação e uma fuga da vida, mas a própria vida”; “infeliz é aquele artista que não deixa nada atrás de si”. Entre um sorriso amarelo e outro, um conselho e um consolo.

O livro Correio literário — ou como se tornar (ou não) um escritor (132 pp, R$ 74,90 Trad.: Eneida Favre) reúne algumas destas respostas. Mais do que uma coleção e dicas para escritores, o livro é uma ótima leitura para amantes da literatura e leitores das obras de Wisława Szymborska que desejam conhecer mais suas opiniões, preferências literárias e escritores favoritos.